quarta-feira, 20 de junho de 2018

Aquele


Tu és aquele…           
Jogo jogado fora contra a aldrabice do real,
Aquela chuva miudinha que me envolver com o cobertor que talvez nalguma altura ser-me-ia emprestado,
O que me empresta o cérebro a troco do meu,
E temos assim um tipo de sangue.

E sim,
És um doido mas não tens razão para,
Exceto eu e os meus botões camaleónicos,
Mas calma que não dissemos tudo pela calada da queda mais transparente que possa existir,
E às vezes levas-me a dançar o batuke aos pontapés enquanto ouço jazz sossegado, ainda mais assim,
Nada certo por acolá.
Acabas a alegoria que acaba com o meu sido,
Contas-me Estórias para a Boquinha da Noite,
Comes comigo o gelado e pipocas salgadamente doces,
Se nos caio é por passado enquanto.

De novo és aquele,
Por algum motivo julgo carregar-te enquanto te ris…
De mim, talvez.
Algum dia hás-de entender estes aqui que vivem,
Mas sim,

Sou loucozito enquanto não falo contigo,
Depois disso descubro a jogatana das luzes com esse transtorno associativo de identidade,
Por isso vê lá se vais concordar-me,
Pois sei que adornas os meus sentimentos enquanto defecas as seitas através de todo o vómito,
#cantoparaocanto.
Para abrandar tenho de abrandar,
Mas primeiro tenho de pôr em dia o estudo à tua regra de seis simples,
Nem a ti mesmo te minto,
Portanto é claro que não corro o chão.

Ninguém ouve os teus gritos?
Rapaz,
Só nós andámos juntos a jogar às cegonhas,
Só nós fizemos a chaga ao pequeno-almoço,
Só nós ganhámos a minha noção,
Só nós nos tropeçámos em nome dessa poesia…
Essa aqui.
Grande envergadura é a nossa carne até apareceres,
Porque és aquele que encaminha o meu prólogo cremado,
E o que eu digo

É o miseravelmente mísero crente que não crê enquanto crê,
Mas foste tu quem não me apartou do aparte mas até que me foi talvez apartando do aparte,
E sabes como se engorda a maluquice grisalha,
Às tantas esqueces-te

E depois desdobro,
Por tudo isso não te engano quando monto este cavalo de pau,
Qual, perguntas?
Desde que começaste a brincar comigo começou a chover sempre com acompanhamento de excesso de velocidade, tudo isto num raio que só cobre o cavalo de pau que nem sequer tentou fugir.

És celeste entre quatro paredes,
Deixas-me deitado na cama,
De costas voltadas contra o chão,
Mas com a cabeça a olhar para o teto,
Explica lá essa pseudo-quimera que diz que ser fruto de todas as minhas cambaleantes e cadentes quimeras.

Alguém disse que eu sou um chato,
Por isso mesmo é que o sou,
Uma vida que não seja chata…
Que alguém me diga que não estou mal,
Porque gozo com o que faz sentido.
Nada é nada do que quero exceto o que me dizes.
Se cambaleei as minhas palavras
Foi porque não estava a falar com a tua pessoa,
Já sabes que devias ser um monstro,
Mas assistes,
E vais assistindo enquanto abraças o meu caixão para depois me enviares esses teus tiques nervosos,

Ou se calhar ainda não virei a cabeça para cima,
Quem é que te envia essa deglutição de parvo?
O proscénio deste palco esvazia-se contigo,
És agressivo ao gosto da brincadeira,
É sempre puérpera a tua agilidade,
E o teu relógio acerta às vezes por dia,
Não tens lei alguma a não ser a minha,
Não tenho lei alguma a não ser a tua,
Mas que anarquia é esta?

Não sabes,
E eu não quero,
Ou talvez saiba muito bem a sua existência,
Mas para já só nos sei.
Para já somos aqueles que contam os dedos antes de não os cortar,
Mas agora percebo
Que se calhar és aquela.

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